Páginas

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Guerra.

Tenho andado distraído. Todos temos.
Enquanto tomamos conta das nossas vidas supertumultuadas e cheias de compromissos inadiáveis, reuniões importantíssimas e cargas horárias petrificadas, outras se perdem. Por negligência da nossa parte. Por extremo envolvimento e consequente cegueira de nossa parte.

Quando percebemos, castelos que julgávamos fortalezas robustas e fortes, desabam como se fossem construídos com folhas de caderno.
Nos deparamos com quem estava sempre ao nosso lado e nossos olhos já não vão mais ao encontro daqueles à frente.

O que era ontem, hoje já não é. Amanhã será?
Se hoje fosse ontem, amanhã seria hoje, diria o viajante.

No final das contas, a vida é feita de escolhas. E cada um arca com as belezas e as cicatrizes que elas geram.

Pessoas de poucos anos de existência conseguem chegar a essa conclusão.
Pessoas à beira da passagem, com incontáveis rugas na pele, nunca o conseguiram, por maior que tenha sido o seu caminho.

Quando faltam desculpas e sobram explicações:

Fiz aquilo que meu coração mandou.
Fiz aquilo que minha razão mandou.
O que o meu bom senso mandou.
O que meu instinto mandou.

Quem manda? Quem obedece? Qual é o lado certo da moeda?

O grande problema é que insistimos em ter uma moeda. E insistimos em dar a ela a dualidade que lhe é característica.

Em certos casos, certo e errado, no fundo, são irmãos gêmeos aos olhos da mãe.
Quem é o mais bonito? 
Quem é o mais talentoso?
Quem vai me dar o orgulho do diploma de medicina?

Um pouco além do fundo, nestes casos, a conclusão é de que não há certo ou errado, melhor ou pior, bom ou ruim.
Simplesmente, não há.

Uma escolha gera uma consequência. E só.
Ser ela boa ou ruim, caberá aos olhos de quem vê.
Tudo que ouvimos é uma opinião, não um fato. Tudo que vemos é uma perspectiva, não a verdade. É o que andam dizendo por aí.

De qualquer forma, os olhares que não mais se cruzam são as piores cicatrizes pra quem volta da batalha. 
Por um simples motivo: algumas guerras não têm vencedor.