É ao jogar a rosa naquele buraco cavado na terra firme, e
com ela, deixar uma lágrima rolar, que a ficha cai. Somente nessa hora
percebemos tudo o que poderíamos ter dito, ter feito, ter sentido, por quem
está diante de nós, porém alguns palmos abaixo, de olhos fechados.
É bem verdade que nunca ninguém nos ensinou a dizer adeus. Não
tivemos essa aula. Saber lidar com a hora da despedida é praticamente
impossível, ainda mais com aquelas nas quais a frase dita não é “até breve”.
A vida não pode ser medida com precisão. O dia de hoje pode
ser o último. Aliás, não sabemos (e nunca teremos como saber) qual será o
último. E o remédio que cura esta incerteza está dentro de um frasco cujo
rótulo estampa em letras de neon: “faça valer a pena”.
A chance de dizer um “eu te amo” por alguém que o coração
bate mais rápido, de abraçar forte e longamente quem nos traz paz, de desferir
um pequeno beijo na testa de quem respeitamos e queremos bem. Essa chance não
pode ser desperdiçada. Não deve. Não deveria...
São estes gestos que nos fazem, na hora do adeus derradeiro,
ouvir nossa própria voz sussurrando ao pé do ouvido: “Valeu, e muito, a pena.
Até logo!”.
E sim: uma hora, em algum lugar, aprendemos a dar às pessoas
o seu devido valor. Nem que seja na última hora, no último lugar.
Portanto, não espere o dia da despedida chegar para pensar
em tudo isso. Diga agora. Abrace agora. Beije agora. E muito. E muito forte.
A rosa caindo fará muito mais sentido assim.