Páginas

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Marionetes.

Já "olhou pra dentro" hoje? Já perguntou a ti mesmo quem tu é? Somos capazes de flutuar, se quisermos.

E a resposta é clara? Anda vivendo um papel escrito pelos outros? Ou sabe mesmo quem tu é e não abre mão disso?

Sem que a gente perceba, as pessoas acabam nos vendo com olhos bem diferentes dos nossos. Vendem-nos a todo momento, sem saber o mínimo sobre o que há por dentro. E com certa frequência, aliás. Quando nos damos conta, já estamos estampados em alguma prateleira. Engessados. Sem armas pra uma possível reação. O vendedor contando as notas de sorriso amarelo aberto nos lábios e o comprador feliz da vida por ter um boneco novo, moldado especialmente pra ele.

Somos quem querem que sejamos. Somos aquilo que os outros pensam que somos. É o que dizem por aí. Marionetes.

Mas até onde alguém pode nos moldar? O quão maleáveis são os papeis que interpretamos dia após dia? Que personagem nos agrada mais? E a eles?

O boneco de prateleira me parece pequeno demais, e o sorriso de trapaça de quem nos quer “numa pior” é mesquinho. Baixo. E pior pode acontecer: talvez o papel de vilão de uma história – que nem é nossa – seja friamente nos dado de presente. De repente cai no nosso colo a culpa por todos os males do mundo e o “calma, eu posso explicar” já não adianta mais. Magoamos e somos magoados por razões que nem imaginamos. Somos manipulados. Pedimos desculpas por coisas que não fizemos. Fazemos coisas que não tínhamos a intenção. Não pedimos desculpas. Complicado.

E então chega um momento em que a gente percebe já ter discernimento/consciência/coragem/sabedoria pra questionar o sistema, as pessoas e os desafios.

Começamos a entender o porquê de algumas coisas acontecerem. O que os outros querem e fazem pra/por ti. Aprendemos a ver o mundo com outros olhos.

Aprendemos, ainda, a suportar/superar situações que por mais que evitemos, aparecem com muita frequência. Evoluímos. Endurecemos.

A gente muda. Somos moldados. Somos vendados. E aprendemos a andar pra frente com os olhos fechados. Vestimos armaduras.

Esquivamos. Deslizamos.

Existem quedas, existem ascensões. Chega a hora em que assimilamos os motivos.

Transcendemos.

Percebemos, enfim, que as peças desse quebra-cabeça que chamamos de vida não são embaralhadas ao acaso.

Há grandes apostas envolvidas, e se ficarmos de olhos fechados – como quase sempre estamos – podemos virar massa de manobra para que objetivos sujos de pessoas que não valem o que comem sejam alcançados. Somos manipulados, certas vezes. Chato, não?

Porém, um quebra-cabeça, por mais complexo que seja, por mais tempo que possa levar, um dia é resolvido, formando o retrato de uma paisagem tranquila e remota.

Um dia, o olho fechado, ainda que desconfortável e desacostumado com a luz, se abre.

E então, se quisermos, podemos ser maiores que as muralhas.


Nenhum comentário:

Postar um comentário